terça-feira, 19 de junho de 2012

TRÁFICO PROÍBE A VENDA DE CRACK EM FAVELAS DO RIO


Boca de fumo na favela Mandela põe aviso de que vai proibir a venda de crack: é como uma farmácia anunciando que não vai vender mais remédios de tarja preta.

O tráfico de drogas vai proibir a venda de crack nas favelas do Jacarezinho, Mandela e de Manguinhos. A informação foi publicada na coluna de Ancelmo Gois e  a foto acima mostra até mesmo, o elevado nível de organização e poder de comunicação dos marginais. A medida, decidida pela maior facção do tráfico no Rio, ocorre dois meses depois de lançado no Rio o programa "Crack, é possível vencer" -- do governo federal. O governo Dilma, ganha assim importante apoio para atingir resultados que, sozinho, jamais atingiria.

A ordem de proibir a venda de crack partiu de chefes do tráfico, que estão presos. A informação vinha circulando pelas comunidades, mas ontem pela primeira vez apareceu o cartaz anunciando a proibição, "em breve", ao lado da cracolândia da favela Mandela, na Rua Leopoldo Bulhões, na chamada Faixa de Gaza. Os traficantes ainda têm ali cerca de dez quilos de crack. Cada pedra custa R$ 10,00. Há informações de que os criminosos temem que a Força Nacional de Segurança ocupe aquelas favelas, como ocorreu na comunidade Santo Amaro, no Catete, onde está há um mês e já apreendeu 1.513 pedras.

Durante muito tempo o crack era vendido apenas em São Paulo. Dizia a lenda que os traficantes do Rio não queriam produzir "zumbis". Dependentes de crack vivem nas imediações das bocas de fumo, atraindo a atenção da mídia e de operações do poder público. O tráfico no Rio alegava que a clientela de crack -- miserável -- traria problemas à venda de maconha e cocaína, mas capitulou após supostas alianças com a facção paulista, e começaram a oferecer o entorpecente vendido junto com a cocaína, até mesmo por causa do seu baixo preço em relação à cocaína e do seu alto poder viciante,gerando clientes “ certos”.

O combate ao crack virou uma questão de “ honra “ para o governo Dilma, que anunciou investimentos da ordem de R$ 4 bilhões no programa lançado em dezembro do ano passado. A grande dificuldade, segundo o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, é a falta de pessoal capacitado para lidar com os dependentes de crack em todo o país. No Rio o programa foi implantado em abril, com a participação do governo do estado e da prefeitura. Só no Estado do Rio, a previsão de verbas da União é de R$ 240 milhões.

De alguma forma a prioridade dada pelo governo ao combate ao crack chegou ao conhecimento dos chefes da maior facção criminosa, que vende a droga nas favelas. Com isso, e ainda que por medo de que as favelas sob seu controle sejam invadidas, a bandidagem preta um serviço ao governo do PT, que , provavelmente nas próximas eleições em 2014 alardeará as “ grandes conquistas “ na luta contra o crack, sem jamais mencionar que o resultado  foi obtido por quem de verdade comanda as comunidades. O  governo federal afirma vai combater com firmeza o problema e enviou unidades   Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) ao Rio, apesar do desinteresse inicial manifestado pelo governo do estado. No domingo fez um mês que integrantes da Força Nacional de Segurança -- a tropa de elite subordinada ao Ministério da Justiça -- ocuparam a comunidade de Santo Amaro, que ainda não foi pacificada, na Zona Sul do Rio. Em um mês de ocupação, a Força Nacional realizou na favela 6.929 abordagens e apreendeu 650 papelotes de cocaína, 1513 pedras de crack, 840 gramas de maconha. Provavelmente o governo do PT pedirá aos bandidos que entreguem algumas drogas, porque esse resultado para lá de pífio não justifica os altos custos de mobilização das forças federais . Afinal, 150 componentes da FN além das polícias locais apresentarem um resultado desse porte, faz perceber que omresultado não é compatível com o investimento.Nas favelas de Manguinhos, traficantes foram informados que a área poderia ser ocupada pela Força Nacional se o crack não fosse retirado de lá. Ou seja, aos outras drogas, as armas e munições, pode, mas o crack, que produz viciados em quantidade industrial, não pode, porque escancara o fracasso das ações repressivas. Isso pode ter motivado a decisão dos traficantes. Com isso, institucionaliza-se a autorização indireta para o crime que não aparece, reprimindo-se apenas aquele que deixa sinais públicos da sua existência.A decisão agradou muitos moradores da favela Mandela. Eles são testemunhas diárias do estrago causado pelo crack na comunidade. No Jacarezinho é possível ver usuários de crack na entrada da favela, mesmo por quem passa no asfalto. As operações policiais têm sido recorrentes, mas o problema está longe de ser resolvido.

Quem sabe, um dia deste o Governador e a Presidente, criarão a Secretaria Paralela de Segurança Publica, sob gestão de um comitê de traficantes e que funcionará à guisa de Consultoria Especializada, prestada de dentro dos presídios cariocas.

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